24 08 SBCAT Noticia SoraiaMeu interesse pela Catálise surgiu durante a iniciação científica, sob orientação da Profa. Adelaide Viveiros (IQ-UFBA), e nos estágios do curso de Engenharia Química da UFBA, na Oxiteno/ Setor de Engenharia de Processos (Camaçari, BA), e na COPENE (atual Braskem)/ Divisão de Pesquisa em Catálise (DICAT), sob supervisão da Dra. Maria Isabel Pais da Silva, atualmente, professora de Engenharia Química da PUC-RJ. A participação em um curso extracurricular sobre fundamentos em Catálise heterogênea, em 1986, também foi importante para a definição da futura área de atuação profissional, a pesquisa em Catálise.

No final do curso de graduação em Engenharia Química (junho de 1988) fui aprovada na seleção para o curso de Especialização em Petroquímica da Petroquisa (CENPEQ) e na Seleção para o curso de Especialização em Petroquímica, oferecido pela Universidade de Bolonha (UNIBO), em parceria com o grupo ENI (empresa de petróleo italiana) e financiado pelo Ministério das Relações Exteriores Italiano. Vislumbrando atrelar uma boa formação acadêmica a uma experiência internacional, optei pelo curso de especialização oferecido pela Universidade de Bolonha/ENI, uma das mais tradicionais instituições de ensino, fundada no ano de 1088.

Durante a disciplina de Cinética e Catálise, ministrado pelo Prof. Ferruccio Trifirò (UNIBO), renomado pesquisador em Catálise para Oxidação, houve o convite para realizar o trabalho de conclusão do curso de especialização no seu grupo de pesquisa. Assim, em janeiro de 1989 iniciei o estágio em pesquisa, no Departamento de Química Industrial da UNIBO, sob a supervisão do Prof. Gabriele Centi (atualmente na Universidade de Messina), sobre a Oxidação seletiva de n-butano utilizando catalisadores heteropolicompostos.

Ainda em 1989, houve a possibilidade de prestar seleção no doutorado no Politecnico di Milano (POLIMI), Dipartimento Giulio Natta, no grupo de pesquisa em Catálise, coordenado pelo Prof. Pio Forzatti. Ao ser aprovada na seleção, iniciei o doutorado em setembro de 1989 sobre o estudo de catalisadores perovskitas na reação do acoplamento oxidativo do metano, visando a conversão direta do metano em etileno, sob orientação do Prof Pierluigi Villa e coorientação do professor Luca Lietti.

Com o apoio da bolsa de estudos italiana, houve a possibilidade de apresentar os resultados em congressos prestigiosos em Catálise, como o 10th International Congresso in Catalysis (ICC), em Budapest (1992), o que na época só era factível para pouquíssimos pesquisadores brasileiros consolidados. Nestes congressos foi possível discutir resultados e ter novas ideias para a tese. Durante o doutorado houve também interação com o Centro de Pesquisas da Snamprogetti (atualmente SAIPEM), vivenciando a pesquisa tecnológica. Interessantes resultados foram obtidos, e foi depositada uma patente industrial pela Snamprogetti envolvendo alguns dos catalisadores sintetizados durante o doutorado, além da publicação de artigos científicos.

Após a defesa de doutorado em 1993, fui contratada como pesquisadora, pela empresa Becromal SpA (Milão) para o desenvolvimento de materiais utilizados na fabricação de capacitores eletrolíticos. A Becromal é um dos maiores produtores mundiais de folhas de alumínio, a principal matéria-prima utilizada para a construção de capacitores eletrolíticos de alumínio, garantindo a funcionalidade de quase todos os circuitos eletrônicos e aparelhos elétricos, incluindo aplicações em energias renováveis (eólica, solar) e todos os tipos de fontes de alimentação.

Em 1994 houve um convite para participar de um concurso no Instituto de Química da UFBA, e a possibilidade de retornar à casa após tantos anos no exterior, foi um misto de alegria e desafio, em função da discrepância entre as condições de trabalho em pesquisa. Em junho de 1994 fui aprovada no concurso para professor Adjunto no Departamento de Química Geral e Inorgânica, do Instituto de Química da UFBA (IQ-UFBA). Assim, aceitei o desafio, finalizei minhas atividades na Becromal SpA, em dezembro 1994, e ingressei na UFBA em janeiro de 1995.

No período de 1995 a 1997 integrei o grupo de pesquisa em Catálise do IQ-UFBA, atual LABCAT, coordenado pela Profa. Heloysa Andrade, a quem agradeço a oportunidade propiciada. Com a aprovação do primeiros projeto de pesquisa em 1997, na área de Catálise para polimerização utilizando catalisadores metalocenos, obtive espaço físico, e com outros docentes IQ-UFBA, a Profa. Zênis Novais, a Profa. Maria Luiza Corrêa e o Prof. Emerson Salles, foi criado o Grupo de pesquisa em Catálise e Polímeros (GCP), que coordeno desde sua criação, em 1997.

Coordenei vários projetos de pesquisa, CNPq, FINEP, FAPESB, alguns em parceria com a indústria (Braskem e Petrobras) que propiciaram a instalação de uma considerável infraestrutura para a pesquisa em Catálise no GCP, além da criação do Laboratório de raios X e microscopia do IQ-UFBA. Durante as pesquisas em Catálise para polimerização, tivemos a colaboração do saudoso e competente Prof. Roberto Fernando de Souza e do Prof. João Henrique Zimnoch dos Santos (IQ-UFRGS). Ressalto também a importante colaboração da Profa. Simoni Margareti Plentz Meneghetti e do Prof. Mario Roberto Meneghetti (UFAL).

Atualmente estou envolvida, prioritariamente, em pesquisas referentes ao desenvolvimento de catalisadores para obtenção de hidrogênio, combustão catalítica, e conversão de biomassa e de óleos vegetais.

Atuo nos Programas de Pós-graduação em Química (PGQUIM) e Engenharia Química da UFBA (PPEQ) tendo formado 24 mestres, 12 doutores, e mais de 50 alunos de IC e ITI. Dois ex-alunos, a Profa. Lílian Simplício e, recentemente, o Prof. Denilson Costa, foram aprovados em concursos no IQ-UFBA, e integram o GCP. Outros ex-alunos ingressaram em instituições de ensino como UFRB, IFBA e SENAI e na Indústria (Braskem). Ter auxiliado na formação destes profissionais me orgulha profundamente, pois representam nosso futuro!

Coordenei a organização do 10º Congresso Brasileiro de Catálise (CBCat), em Salvador (1999), contando com o apoio do Prof. Luiz Pontes e da Profa. Heloysa Andrade, ambos grandes entusiastas que ajudaram a disseminar a Catálise pelo Nordeste. Participei das comissões organizadoras de vários CBCats e dos encontros regionais da regional 1, os ENCATs.

Realizei estágios de pós-doutorado sobre preparação de catalisadores estruturados, com o Dr. Pedro Ávila e a Dra. Ana Bahamonde, no ICP-CSIC (Madri); experimentos in situ de combustão catalítica, com os professores Luca Lietti e Gianpiero Groppi (POLIMI) e caracterização de catalisadores por HRTEM, com o Prof. François Bozon-Verduraz (ITODYS, Paris 7).

Fiz parte da Diretoria da SBCat, e do Comitê científico da Rede Nacional de Combustão (RNC), da Rede Nacional de Hidrogênio e da Rede de Catálise do Norte e Nordeste (RECAT). As atuações em redes foram muito importantes por aumentarem o intercâmbio com outros pesquisadores e consolidar as linhas de pesquisa do GCP.

Dentre os colaboradores de outras instituições gostaria de lembrar do saudoso e competente, Prof. Victor Teixeira da Silva (NUCAT-COPPE), a quem carinhosamente chamava de primo, com quem coordenei um projeto CAPES/CNPq-PROCAD. Ressalto as colaborações com o Dr. Fabio Bellot Noronha e Dr. Marco André Fraga (INT), Dra. Cristiane Rodella Barbieri (LNLS-CNPEM), Profa. Elisabete Assaf (USP-São Carlos), Prof. José Geraldo (UFPE), Profa. Marluce da Guarda (UNEB) e o Prof. Carlos Augusto Pires (DEQ-UFBA). Destaco a colaboração do Prof. Roger Fréty (atualmente professor visitante, DFQ-UFBA), grande pesquisador francês, que muito ajudou a implantar a Catálise no Brasil.

Mantenho ainda fortes parcerias com instituições italianas, em especial o POLIMI, onde um competente ex-aluno, o Dr. Roberto Batista da Silva Jr. está atuando como pesquisador visitante; e o Instituto Italiano de Pesquisas em Combustão (CNR-IRC, Nápoles), com o Dr. Stefano Cimino e a Dra. Luciana Lisi.

Foram muitos anos de trabalho árduo e conquistas! Agora os desafios são maiores, mas seguimos em luta pela Ciência!

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