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12 12 SBCAT Regional 3 quem somos Ivo Freitas Teixeira Noticia copiarSou mineiro nascido em Brasília e tenho muito orgulho de viver e trabalhar em São Carlos (SP), a cidade da tecnologia. Sempre digo aos meus alunos que a química é a ciência da transformação, e a catálise a ciência que acelera essa transformação. Talvez por isso eu tenha me apaixonado por essa área. A catálise é a área de quem tem pressa em mudar o mundo.

Minha história com a ciência, porém, começou muito antes da universidade, na cozinha da minha mãe, onde bicarbonato, vinagre e bolinhas de óleo despertavam mais curiosidade do que qualquer brinquedo. Buscando respostas para essas pequenas perguntas, descobri minha vocação científica.

Graduei-me em Química pela UFMG em 2012, onde logo no primeiro semestre iniciei iniciação científica no laboratório do Prof. Rochel Lago. Ter o Prof. Rochel como professor e orientador foi um privilégio: um cientista brilhante, criativo e inspirador. Trabalhei com ele por cinco anos, entre IC e mestrado, e até hoje o considero minha principal referência acadêmica.

Durante o meu mestrado, tive a oportunidade de realizar um estágio sanduíche de seis meses na University of Guelph (Canadá), sob a supervisão do Prof. Marcel Schlaf. Diferentemente do Prof. Rochel, com quem eu havia aprendido a pensar de forma criativa e a buscar soluções fora do convencional, Marcel tinha um perfil profundamente metódico, preciso e organizado — características que, à época, certamente não faziam parte do meu modo de trabalhar.

Essa diferença de estilos, longe de ser um obstáculo, tornou-se uma grande fonte de aprendizado. Lembro-me claramente do dia em que ele me disse: “Ivo, você trabalha muito e pensa pouco.” Embora direto, ele estava absolutamente certo. Essa frase se tornou um marco na minha formação e, até hoje, é um ensinamento que faço questão de transmitir aos meus alunos.

No doutorado (2013-2017), aprofundei-me em catálise sob supervisão do Prof. Edman Tsang, na Universidade de Oxford (Reino Unido), estudando conversão de biomassa com zeólitas. Trabalhar com biomassa não foi fácil, mas conseguimos demonstrar uma rota eficiente para converter compostos furânicos da biomassa em aromáticos usando etanol, uma contribuição relevante para a área.

De volta ao Brasil, realizei um breve pós-doutorado no IQ-USP com o Prof. Pedro Camargo (2017-2019), e, cerca de um ano depois, fui aprovado como docente no Departamento de Química da UFSCar. Iniciar um grupo de pesquisa com poucos recursos foi um desafio hercúleo; meus alunos brincam que cheguei à UFSCar com “uma chapa de aquecimento, uma lâmpada e um sonho”. A limitação orçamentária me levou da termocatálise para a fotocatálise — decisão que se revelou acertada.

No primeiro semestre como docente, submeti um projeto JP FAPESP, inicialmente negado pela falta de experiência internacional no pós-doc. Embora frustrante, esse revés abriu portas importantes: em 2020 iniciei um período como professor visitante no grupo do Prof. Markus Antonietti, no Max Planck Institute of Colloids and Interfaces (Alemanha), referência mundial e “pai” dos nitretos de carbono — materiais pelos quais eu já tinha grande interesse desde o doutorado.

Os conhecimentos e os contatos que construí durante o período como professor visitante no exterior me abriram portas para voos muito mais altos. Ao retornar ao Brasil, meu projeto JP foi finalmente aprovado, e tivemos a sorte de aprovar outros pedidos de financiamento, isso nos deu a base necessária para consolidar um grupo de pesquisa bastante produtivo na área de fotocatálise. Hoje, tenho a alegria de orientar um grupo diverso com quase vinte alunos, e diariamente eu compartilho com eles o meu sonho de mudar o mundo através da ciência.

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